domingo, 30 de dezembro de 2012

A Sarva Yoga na Atualidade

A Sarva Ioga na Atualidade

A Sarva Ioga é resultado na obra do Grande Mestre Sri Sevananda Swami e teve o seu expoente no Swami Sarvananda, seu discípulo e sucessor.

Sarva é um vocábulo sânscrito que quer dizer “integral”, “tudo”, “todo”, etc.

Sarva Ioga, pois, é ioga integral ou total, ou do todo.

O Mestre Sevananda, percebeu que ao longo dos séculos os praticantes de ioga a tinham partido em várias partes, algumas destacando a devoção, outras o saber, o conhecimento, o poder mental, a ação, etc., sem tratar do desenvolvimento do homem como um todo.

Além do mais, excluiu tudo o que era artificial e fantasioso, bem como o meramente cultural, para que pudesse atender a todos. Sendo assim, é uma ioga para todos, no sentido de que pode ser praticada por quem quer que seja, desde que tenha real aspiração, evidentemente, independente da cultura etinica ou etinia, religião etc.

Assim, o praticante de sarva ioga deve primar por ser espontâneo e original.

O fato é que o homem está submetido à mente concreta.

A mente tem duas faces, a concreta (inferior) e a abstrata (superior).

Diz Krisnamuthi e David Bonn no livro “A eliminação do tempo psicológico”, que o maior erro do homem foi colocar a mente como algo prioritário.

Tem razão nisso, visto que a mente é a apenas uma ferramenta e não possui autonomia.

O que ela é? Uma ferramenta, um instrumento, um mecanismo. Podemos dizer que é um gravador, ou, com maior modernidade, um computador, que registra e processa, mas que não cria absolutamente nada.

O que é o PC sem o operador ou do programador? Nada.

Imagine essa inversão, e que tentamos fazer (o PC dirigindo o programador), em que daria.

É isso que temos feito ao longo do século. O senhor se submeteu ao servo, Vale dizer, a mente submeteu o espírito (ou este se deixou submeter).

A mente concreta, tridimensional, não pode ouvir o comando superior, pois não o comporta.

A mente abstrata, por sua vez, não pode agir em face do predomínio da mente concreta, agitada e descontrolada, mas que quer controlar.
Entretanto, somente ela, a mente abstrata, pode receber o comando superior e agir de acordo com a vontade da nossa consciência e, mais tarde, de acordo com a consciência superior.

Daí a definição de Sri Sevananda Swami:


O manejo consciente da luz, ou da percepção consciente,  para o benefício comum e para o serviço ao Alto é o ponto máximo da Sarva Ioga.

Consciência é questão de percepção e ioga “é um método que aumenta, progressivamente, a consciência da percepção” (Sri Sevananda).

É uma sucessão de eclosões paulatinas, normalmente antecedida de sofrimentos e provações.

O que o Sarva Iogue sabe é que o samadhi é uma das formas mais evoluídas de percepção, mas ainda eivado de ilusão, mormente em face do tradicional sistema de ioga.

Não podemos nos esquecer, que nos dias agitados em que nos encontramos, com tantos estímulos materialistas, é difícil a prática tradicional de ioga, ou que esta apresente resultados.

A mente concreta, para se manter no controle, alia-se ao que pode entender, ou seja, os instintos inferiores e corriqueiros, fazendo deles o carro chefe da nossa vida.

Com isso, estabelece o apego para impedir a manifestação do superior.

Qual a solução? Um trabalho paulatino de tranqüilizar, ou mesmo, silenciar a mente (concreta), refinado os instintos, para que a mente abstrata se manifeste, podendo esta executar as tarefas do Ser Humano Superior.

Vamos adotar a constituição em sete elementos para melhor entender:

  1. Centelha divina ou espírito imortal;
  2. Corpo causal ou budhico;
  3. Corpo psíquico;
  4. Corpo mental;
  5. Corpo astral ou emocional;
  6. Corpo vital (ou etérico-vital)
  7. Corpo material ou corpo físico.

A alma é tudo aquilo que existe entre o corpo causal e o corpo vital, sendo o que existe de perfectível no homem. O seu aperfeiçoamento permite a manifestação, ou mais tímida ou mais profunda da centelha, que é perfeita e imutável.

O corpo material, perecível, não aperfeiçoável, deve ser trocado periodicamente para o avanço do espírito.

É de se observar que o corpo mental fica, exatamente, no centro desta constituição.

O seu aperfeiçoamento, no atual estágio evolutivo da humanidade, juntamente com o os corpos inferiores, permite o paulatino avanço da consciência.

O Sarva Iogue, busca o samadhi ou outra forma de êxtase, não como fim, mas como meio de estabelecer um contato permanente com  a consciência superior, que a partir daí, pretende o estabelecimento da conscientização no seu cotidiano.

Para o Sarva Iogue, o samadhi ainda contém ilusão e somente o estado de perene meditação o leva à liberdade integral que almeja como forma de ser útil na forma tríplice.

A tríplice utilidade é a forma de realização do Sarva Swami: Útil a si, Útil ao Alto, Útil ao próximo.

Só pode atingir tal meta uma consciência realizada, ou seja, livre da mente concreta que deve ser calcada ao seu lugar.

A forma de fazê-lo, na atualidade é que são elas.

Vivemos em uma era de suprema obscuridade e materialidade.

A agitação mental e os estímulos externos impedem uma vida mais tranqüila e equilibrada.

Todavia, segundo Sri Sevananda, em seu livro “O Homem esse Conhecido”,  a realização é sempre subjetiva e para ser justa tem que ser possível em qualquer lugar época e acessível a todos.

Para manter uma mente mais ou menos tranqüila, o ser humano atual deve manter um mínimo de disciplina interior e método no seu cotidiano.

Procurar ter um sono tranqüilo, pelo menos sete horas diárias, uma alimentação equilibrada e em horário mais ou menos equilibrado.

Práticas de controle físico glandular, para manter o corpo físico saudável e pronto para não dificultar as práticas espirituais.

É bom que, se possível, possa fazer uma prática séria, mas singela de hatha ioga.

Ao amanhecer, o primeiro pensamento do praticante deve ser dirigido ao Alto, pedir que o dia seja marcado pela utilidade e tentar manter durante o dia o  posicionamento adquirido pela manhã.
Uma prática, ainda que por cinco minutos de pacificação mental deve ser mantida, principalmente depois dos primeiros quarenta ou sessenta dias de prática.

O praticante, depois de algum tempo, deve procurar sentar-se confortavelmente, em lótus ou Sarva Mudra, ou quem sabe, confortavelmente em uma poltrona, para, entre cinco ou dez minutos, praticar dharana, com o fim de chegar à meditação (dhyana).

Entretanto, na atualidade, a prática mais importante do Sarva iogue é o CHASI.

O CHASI ou chamamento de Si, é uma prática difícil de ser explicada, mas significa o chamamento de si, ou seja a tomada de consciência de si mesmo, em seus mais diversos níveis, desde o físico, vital, emocional, mental e espiritual, chegando ao CHASI pleno.

Corresponde ao voto de consciencização feito pelos postulantes à sarva-swamis.

Começa a sua prática totalmente imóvel e passa-se a fazê-la, nos níveis mais avançados, em movimento e até em conversação.

Adquirir um estado de consciência, ainda que incipiente, atualmente, no cotidiano, em paralelo ao zen budismo, é uma meta sublime e mais realista do que os estados extáticos dos antigos iogues, sem querer criticar.

Um homem consciente torna-se um instrumento do Alto neste plano e pode ser útil e eficiente aos seus irmãos e a si mesmo.

Em minha experiência de sarva-swami de mais de dezoito anos, entendo ser esta a forma de expressar a utilidade e modernidade da sarva ioga na atualidade.

É o que tinha a dizer.

Paz, Luz e Amor.






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