quarta-feira, 22 de maio de 2013

OS QUESTIONAMENTOS PARA O SARVA IOGUE




OS QUESTIONAMENTOS PARA O SARVA IOGUE



Uma questão que sempre fica no ar quando das relações com outras pessoas, em se tratando dos orientadores Sarva, é quanto à forma lacônica que tratam certos questionamentos.
Lembro-me que quando conheci meu Mestre, o Swami Sarvananda (Georg Krítikos), me assustei, à princípio, diante de sua forma lacônica de tratar tais assuntos e, na minha ignorância, entendi que se tratava de pouca disposição para responder perguntas.
Depois, com o tempo, verifiquei que não se tratava disso. Na verdade ele era bastante benevolente e paciente.
Hoje eu mesmo me vejo compelido a agir da mesma maneira.
A questão é que a verdadeira ioga não é uma digressão mental e ou intelectual, e nem filosofia. A relação com o instrutor ou orientador não consiste em um jogo de perguntas e respostas, mas em um vivenciamento constante, focado no presente, um estado de auto-observação e atenção perene e que vai se instalando gradualmente.
Ioga é vivenciamento perene, real, íntimo, realizada pelo ser e não por intervenção externa.
O objetivo da ioga é a meditação, e meditação não é uma prática, mas um estado espontâneo e consciente do ser, que não pode ser imposto de forma alguma.
O jogo de perguntas e respostas alimenta o ego e a mente corriqueira, que se torna, mais e mais, descontrolada e reforça a ansiedade, gerando o conflito do “vir a ser”.
Responder a certas perguntas é como jogar combustível no fogo, vai aumentar o incêndio ao invés de conte-lo ou extingui-lo.
Mais importante que respondê-las é o postulante se fixar e observar sua própria pergunta, seu questionamento, olhar profundamente para ele e sua origem.


A intervenção extemporânea na vida de uma pessoa cria a falsa ilusão de autoridade e só leva à encrudecimento da mente concreta.
Ninguém em sã consciência tenta libertar o pássaro ainda no ovo, previamente, pois só causaria a sua destruição, assim como ninguém desfaz o casulo da lagarta, para libertar a borboleta, sem mata-la.
A natureza faz o seu próprio trabalho, apressa-la causa somente danos ao ser.
Assim, quanto ao espírito humano, este só será despertado pela ação do próprio indivíduo e não pela intervenção de um elemento externo.
É como a parábola do Guru e do lenhador, que apenas recomendou ao último que seguisse em frente, que adentrasse na floresta, sem fazer qualquer alusão ao que seria encontrado, como, quando e o que fazer com a resultante.
Então é isso que compete ao orientador Sarva. Dizer, tão somente, segue em frente e adentra o mais profundo possível na tua floresta interna...
É tudo por enquanto.

Swami Satyananda

5 comentários:

  1. Desde um tempo tenho tido a opinião de que as respostas sintéticas assim o são para não tolher qualquer possibilidade de caminho nessa floresta interna.

    Uma pequena palavra de múltiplos usos e significados que não esteja ligada somente à subjetividade de interpretação de sujeitos que ao mesmo tempo serviria de resposta e não reduziria a liberdade.

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  2. Sou testemunha e fui bastante perguntão, pois apesar de boa memória ainda não sabia ouvir o que respondia o mentor. É verdade. Quando perguntamos sabemos a resposta. Era muito mais fácil comer o que já estava mastigado. Hoje compreendo o que escreveu neste texto. A observação de si mesmo e do que vai perguntar é muito melhor do que perguntar esperando a resposta que seu ego quer ouvir.

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  3. Sim Aurimar, a maturidade nos revela isso mais cedo ou mais tarde.

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  4. lQuem sabe cala...Mestre P. so respondia depois de 3 vezes perguntado.

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