quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Mente Concreta, O Nascimento e A Morte

A MENTE CONCRETA, O NASCIMENTO E A MORTE


A mente material ou concreta é tridimensional e, portanto, funciona no tempo e no espaço. Na verdade é ela a responsável pelo tempo psicológico, uma das suas grandes ilusões.

Não é criativa e funciona como “gravadora” ou “registradora”, reproduzindo o que nela se encontra armazenada.

Opera, pois, no plano da memória e suas projeções são todas advindas do passado nela contido.

Para entender isso, observe-se um filme de ficção científica futurístico: vê-se claramente que sob uma alegoria futurística estão projetadas questões da época em que o filme foi produzido. Assim funciona a mente concreta.

Os registros, ao que parece, começam com o nascimento (a primeira respiração), dando curso ao fluxo de pensamento que continua a operar até o último suspiro. Neste interregno a mente registra, copia e reformula até o seu completo desligamento que se dá com a morte do ser humano.

A mente cerebral é responsável pelo fluxo incansável de pensamentos, pela torrente e, também, pelo instinto de sobrevivência que pretende preservar suas reservas, responsáveis pela identidade humana (persona).

Como o pensamento não é uno, mas uma série que não se interrompe, podemos entender porque a personalidade também não o é, ou porque ela é fragmentada.

A personalidade, é preciso ressaltar, não é una, mas fragmentada e múltipla, assim como os pensamentos que a compõem.

É ela que é poluída e não permite que a Inteligência impoluta e criativa, pura se manifeste.

É a criadora do bom e do mal Karma e responsável pelo que se denominou roda de samsara. Por conseguinte é responsável pelo ciclo de nascimento e morte.

A deflagração da mente cerebral é o nascimento e seu desligamento é a morte.

Entenda-se que não nos referimos aqui à morte biológica, simplesmente, mas a morte, como o evento que põe fim à personalidade. Diga-se o mesmo, só que inversamente, com relação ao nascimento.

É fácil entender, então, porque qualquer ataque à mente cerebral, tentando silenciá-la é respondido com resistência e nunca logra o seu intento. A mente não quer morrer. De alguma forma é ela a regente de todas as outras funções vitais, mas estes, é evidente, não cessariam com o corte do fluxo de pensamento.

Entretanto, para a mente, este corte é a morte.

Assim, um dos grandes mistérios da humanidade é respondido: o que é a morte.

A morte é o fim do fluxo de pensamento. Toda vez que este fluxo é interrompido, acontece uma morte. É por isso que não atingimos os “céus” sem “morrer”.

É também por esta razão que o combate a mente só aflora e aguça o conflito, a violência.

O melhor é somente observar, acompanhar, seguir, sem julgamentos, imparcial, mas, atentamente. Tentar matar é sempre um ato de violência e a meditação não se instala pela violência, mas pela mansidão, ou seja, observação atenta sem violência e agressão e de forma honesta.

A pureza é da essência do ser e ela não se manifesta onde houver violência e inverdade.










2 comentários:

  1. Você poderia nos ajudar a entender a inocência, o estado vivido por Krishnamurti e muito citado em suas obras, principalmente na idade adulta. A inocência está também fora da mente concreta? A inocência não é uma palavra mal traduzida ou é isso mesmo?

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  2. É mal traduzida sim, mas só através da auto observação isso pode ser vivido. Pense em integralidade, ou pureza e você perceberá melhor.

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