O
MUNDO E A MENTE CONCRETA
Por Swami
Satyananda
É preciso fazer um breve
histórico quanto ao que consta de outros textos, para que, aqui reunidos e
concatenados, possam fazer sentido.
Uma vez que a vida humana se
manifestou na terra, envolvida pelo mundo material/concreto, fez-se necessário
á utilização de uma ferramenta eficaz, para a sua sobrevivência nesta Terra.
Tal ferramenta se chama
cérebro.
O cérebro atua de forma tal
que registra tudo quanto há, a partir do nascimento com vida do ser. A esse
registro chamamos “experiência”.
A função do cérebro, além de
registrar é combinar e recombinar tais informações para a sua utilização
eficaz.
A cessação de tais gravações
e recombinações chama-se morte.
Não se trata de uma única
função, mas de diversas que se encontram setorizadas neste órgão.
A esse conjunto de funções,
denominamos “mente”.
A “mente cerebral” foi se
desenvolvendo de tal sorte que criou uma ideia de unidade e a ilusão de “ser”.
Ou seja, criou a sensação de “pessoa”, de ser o núcleo da existência.
A situação fica mais grave
se nos dermos conta de que a “mente cerebral” criou este mundo e, portanto, o
compreende e por ele é compreendida.
É claro que não criou o
planeta ou o sistema solar, bem como não criou árvores, florestas, fauna, rios,
montanhas etc.
Mas criou toda a estrutura
social, política e cultural que forma e envolve a atual vida humana.
Entretanto, não alcança e
nem compreende nada além deste plano tridimensional.
Pessoa ou personalidade, em
síntese, nada mais é do que o conjunto de funções da mente fragmentada e
fragmentária, que, ilusoriamente, faz parecer ser uma unidade.
Para a mente cerebral, que
tem um dispositivo de segurança ao qual podemos chamar extinto de
sobrevivência, o seu “desligamento” é aniquilação ou morte.
Como ela criou o mundo, ela
interage com ele em perfeita simbiose, pois a sobrevivência de um depende da
permanência do outro.
Devemos fazer justiça, aqui
à mente concreta, ou cerebral, visto que sem ela esse texto não poderia estar
sendo escrito, não haveria aprendizado ou qualquer desenvolvimento humano,
sequer para levar uma porção de alimento à boca.
Entretanto, a questão é
diferente quando se trata do “Ser”, ou, de outra forma, da realidade plena e
integral.
O real existe de forma
absoluta e não é fruto do desenvolvimento ou evolução, ele apenas “É”. Dai que
tudo que se precisa é da percepção de “Si”.
Mas para isso, a mente
cerebral, que não o alcança, precisa estar, digamos, “desligada”, razão da sua
resistência.
É comum que os seres humanos
comecem a travar um “luta” contra a “mente”, que, obviamente, não só resiste,
mas se fortalece com esse “combate” inócuo e sem qualquer sentido.
Qualquer esforço é em vão e
contraproducente, em casos como este.
A mente e seu criado, o
mundo, reagem e criam diversas respostas, todas elas ilusórias, que só redundam
em mais e mais ilusão.
Perguntas são nada mais que
criação da mente e respostas também, num contínuo círculo vicioso de alimentação
e reforço dessa ferramenta que se expandiu para além das suas funções.
Apego nada mais é do que a
aderência da mente cerebral à ideia de que é um ser vivo e independente.
O resto é consequência.
Trata-se, pois, mais de um
não fazer do que um fazer, de um perceber-se, observar-se, conscientizar-se,
mais do que qualquer outra coisa.
Trata-se de uma não
aderência, ao invés de uma construção.
É tão simples, que parece
difícil, mas não existe fórmula para sermos nós mesmos. Não existe fórmula para
viver plenamente.
É apenas viver e ser.
Foi o que Sidartha e outros
fizeram, recusaram-se a permanecer no círculo, perguntas, esforço, respostas,
perguntas... etc e decidiram apenas “olhar” para si mesmo, deixar fluir... e
Assim È.
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