terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Mundo e A Mente Concreta - Swami Satyananda


O MUNDO E A MENTE CONCRETA

                                                                       Por Swami Satyananda


É preciso fazer um breve histórico quanto ao que consta de outros textos, para que, aqui reunidos e concatenados, possam fazer sentido.
Uma vez que a vida humana se manifestou na terra, envolvida pelo mundo material/concreto, fez-se necessário á utilização de uma ferramenta eficaz, para a sua sobrevivência nesta Terra.
Tal ferramenta se chama cérebro.
O cérebro atua de forma tal que registra tudo quanto há, a partir do nascimento com vida do ser. A esse registro chamamos “experiência”.
A função do cérebro, além de registrar é combinar e recombinar tais informações para a sua utilização eficaz.
A cessação de tais gravações e recombinações chama-se morte.
Não se trata de uma única função, mas de diversas que se encontram setorizadas neste órgão.
A esse conjunto de funções, denominamos “mente”.
A “mente cerebral” foi se desenvolvendo de tal sorte que criou uma ideia de unidade e a ilusão de “ser”. Ou seja, criou a sensação de “pessoa”, de ser o núcleo da existência.
A situação fica mais grave se nos dermos conta de que a “mente cerebral” criou este mundo e, portanto, o compreende e por ele é compreendida.
É claro que não criou o planeta ou o sistema solar, bem como não criou árvores, florestas, fauna, rios, montanhas etc.
Mas criou toda a estrutura social, política e cultural que forma e envolve a atual vida humana.
Entretanto, não alcança e nem compreende nada além deste plano tridimensional.
Pessoa ou personalidade, em síntese, nada mais é do que o conjunto de funções da mente fragmentada e fragmentária, que, ilusoriamente, faz parecer ser uma unidade.
Para a mente cerebral, que tem um dispositivo de segurança ao qual podemos chamar extinto de sobrevivência, o seu “desligamento” é aniquilação ou morte.
Como ela criou o mundo, ela interage com ele em perfeita simbiose, pois a sobrevivência de um depende da permanência do outro.
Devemos fazer justiça, aqui à mente concreta, ou cerebral, visto que sem ela esse texto não poderia estar sendo escrito, não haveria aprendizado ou qualquer desenvolvimento humano, sequer para levar uma porção de alimento à boca.
Entretanto, a questão é diferente quando se trata do “Ser”, ou, de outra forma, da realidade plena e integral.
O real existe de forma absoluta e não é fruto do desenvolvimento ou evolução, ele apenas “É”. Dai que tudo que se precisa é da percepção de “Si”.
Mas para isso, a mente cerebral, que não o alcança, precisa estar, digamos, “desligada”, razão da sua resistência.
É comum que os seres humanos comecem a travar um “luta” contra a “mente”, que, obviamente, não só resiste, mas se fortalece com esse “combate” inócuo e sem qualquer sentido.
Qualquer esforço é em vão e contraproducente, em casos como este.
A mente e seu criado, o mundo, reagem e criam diversas respostas, todas elas ilusórias, que só redundam em mais e mais ilusão.
Perguntas são nada mais que criação da mente e respostas também, num contínuo círculo vicioso de alimentação e reforço dessa ferramenta que se expandiu para além das suas funções.
Apego nada mais é do que a aderência da mente cerebral à ideia de que é um ser vivo e independente.
O resto é consequência.
Trata-se, pois, mais de um não fazer do que um fazer, de um perceber-se, observar-se, conscientizar-se, mais do que qualquer outra coisa.
Trata-se de uma não aderência, ao invés de uma construção.
É tão simples, que parece difícil, mas não existe fórmula para sermos nós mesmos. Não existe fórmula para viver plenamente.
É apenas viver e ser.
Foi o que Sidartha e outros fizeram, recusaram-se a permanecer no círculo, perguntas, esforço, respostas, perguntas... etc e decidiram apenas “olhar” para si mesmo, deixar fluir... e Assim È.

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