quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Texto Sobra Palestra de Rubem Alves

Palestra

Rubem Alves, em palestra proferida no auditório da Câmara dos Deputados, falando sobre o seu livro “Perguntaram-me se Acredito em Deus”, curiosamente, ele expõe alguns pensamentos que coincidem com o meu no que tange ao homem.

Diz ele que se lhe perguntarem se acredita em Deus, ele responderá: “Não, não acredito, porque Deus não o quer. Se ele quisesse, entraria por aquela porta e diria...: Eis me aqui! Por isso não acredito nele. Prefiro ser calmo e tranqüilo como os bosques e os riachos e Deus me amará, como ama as árvores e os regatos.”

A aparente contradição existente na afirmação acima se esclarece quando entendemos que o autor afirma saber da existência de uma inteligência maior, mas que não especula, visto que a crença é uma forma especulativa á respeito desta Inteligência.

Prefere o autor a vivência cotidiana, ser o que foi elaborado para ser e assim estar em consonância com o universo, chamando a isso de amor.

Segundo o autor, citando Nietsche, o homem não pensa, quando cita a palavra “Deus”.

Justifica o desconhecido ou a sua preguiça de investigar ou pesquisar, como se fosse o fato, obra de “Deus”: “Deus quis assim”, “Foi intervenção divina”, etc.

A explicação dele sobre a parábola do filho pródigo, também adere à nossa reflexão.

De acordo com o palestrante, deveria se chamar a “Parábola dos dois filhos”.

Isso porque a fábula diz respeito aos dois filhos, um que parte e outro que fica. O que parte, ao retornar quer ser servo e se sente devedor do Pai. O Velho retruca que não existe dívida, que ele era seu filho e decide celebrar a sua volta.

Em contrapartida, o filho mais velho se sente ofendido, visto que nunca fora contemplado, embora sempre tenha vivido com o Pai. Ao inquiri-lo este retruca. Tudo está aí, eu nada te devo, você é meu filho.

Ora, é muito óbvio, se não existe punição, também não pode haver recompensa.

Logo, não existe carma (como punição ou revide), no sentido que as pessoas usualmente empregam.

O que existe, de fato, é o processo de construção e, aí, cada um tem o seu.

O Pai simplesmente disse aos filhos, este é o seu processo, você o elegeu e construiu a si mesmo. Um partiu e o outro ficou. Nenhum dos dois é devedor ou credor do Pai. Todos os chamados percalços ou obstáculos são frutos do processo de construção de Si mesmo. Não há o que pagar ou cobrar do Pai.

É tudo por enquanto.

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