A Mente Concreta e a Abstrata
Antes de
avançarmos mais sobre tão vasto e profundo assunto, ou seja a mente abstrata,
deve-se fazer uma diferenciação entre ela e a mente concreta.
A mente
concreta bem que poderia ser chamada de mente cotidiana, uma vez que é a mente
usual ou operacional. É a ela que recorremos toda a vez que precisamos
atravessar uma rua, fazer compras, aprender a ler, etc.
Naturalmente
ela é acumulativa, ou seja, tem a função básica de captar e registrar toda a
informação que recebe, processando-a e reprocessando-a.
Logo, não
é creativa e se assenta, sempre, no passado.
Não se
deve, obviamente, confundir, creação com reagrumento de idéias, função que a
mente concreta realiza muito bem.
Nota-se,
portanto, que se constitui do acúmulo de estímulos e impressões externas de
qualquer natureza e da utilização e reagrupamento de tais informações.
Assim, se
ela vem se desenvolvendo em razão de tais informações externas, pode-se dizer
que é evolucionária por natureza.
Podemos dizer
que é evolucionário tudo aquilo que, diante dos estímulos externos cresce, se
desenvolve e modifica-se. É o caso da mente cotidiana.
O mesmo
não acontece em relação à mente abstrata, esta não se encontra no plano do
“tornar a ser”. Ela já “é”. Trata-se de uma eclosão que não pode ser provocada,
mas que simplesmente acontece. Cabe ao homem, tão somente, harmonizar-se,
colocando-se em condições para a sua manifestação.
Ao
contrário da mente concreta, ela é sempre original, creativa e imaginativa, não
sendo evolucionária, de acordo com o conceito acima. Seu laço não é com o
passado, mas com o presente e porque não dizer, com o futuro da humanidade.
A mente
concreta raciocina (processa e reprocessa), a mente abstrata percebe e intui. É
a segunda que penetra e se encontra no Reino da Verdade, do Real.
Assim, as
clássicas questões como “existe evolução ou creação” e “é o homem fruto do meio
ou já se encontra “pronto”, já podem ser
respondidas.
A mente
concreta é evolucionista e, por conseguinte, desenvolve-se de acordo com o meio
em que vive, em face dos estímulos recebidos. Trata-se, ainda, de matéria,
embora sutil.
A mente
abstrata, creativa e original, não precisa destes suportes, sendo intocável
pelo meio, razão pela qual as verdades trazidas à luz pelos Grandes Seres, são
as mesmas, independentemente do tempo, local, cultura, povo, religião, raça,
etc.
A mente
concreta, naturalmente, não será extinta pela abstrata, mas será colocada em
seu lugar de subalterna, posto que tem agido como comandante até agora.
Ela
continuará necessária para as comunicações e atos cotidianos, como os
mencionados neste trabalho.
Verifica-se
aqui um equívoco que, em regra, é cometido por todos os buscadores. É comum que
o iniciante busque no passado, geral e pessoal, a razão de sua existência, o
seu laço com o alto. Na verdade o passado nos serve para, sabendo de onde
viemos, sabermos para onde ir.
Entretanto,
infelizmente, alguns se tornam apegados a um passado, real ou imaginário, pouco
importa, medindo a sua importância com a suposição de que foram reis ou rainhas
ou mesmo místicos.
Nosso
laço, nosso vínculo real, fica aqui demonstrado, é com o futuro.
Para lá
chegarmos temos que nos livrar das correntes de chumbo que prendem nossos pés,
como estes apegos e orgulhos de toda a sorte.
Swami Satyananda
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