quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A Yoga e A Mente Abstrata

A Yoga e a Mente Abstrata
Krishnamurti nos diz que a o “Real” não pode ser alcançado mediante esforços direcionados e que não existem mestres.

Acrescenta ainda que a Realidade é sempre original, razão pela qual não pode ser alcançada por mentes padronizadas. Nega, portanto que alguém possa nos dizer como agir ou o que fazer.

Além do mais, diz não existir algo a se tornar, ou seja, nega a ev...olução para declarar que o que ocorre é uma “eclosão da consciência”.

Em face disso, um dilema se coloca quando pensamos nos Mestres que respeitamos. Estariam eles equivocados? Seriam inúteis as praticas até hoje conhecidas por nós?

Para respondermos tais questões temos que situar historica e culturalmente o homem a quem se dirigiram tais ensinamentos e práticas.

A mente humana, nos primórdios, era rudimentar e primária, situando-se no plano concreto, razão pela qual poderíamos chamá-la de mente concreta, aliás, ainda dominante, todavia bem mais primitiva do que hoje.

Não sendo perceptivo o homem não tinha condições de perceber o “Real” de forma pura e simples. Instintivo, brutal, primitivo, era uma pedra bruta.

Sua reação ao belo ao majestoso e grandioso se dava diante das formas que apreendia da natureza, diante de seus olhos materiais ( montanhas, céu, sol, lua, grandes animais, estrelas, florestas, beleza física).

Fazia-se necessário um polimento da pedra bruta, antes que ela pudesse rolar por si mesma.

Os grandes seres, então, ao descer a terra, desenvolveram programas que ajudaram, incialmente, o homem a acreditar na existência de “algo” superior à ele.

Assim identificaram o Creador com as formas mais belas e poderosas da natureza, a fim de que tais formas ecoassem do íntimo do homem primitivo, despertando suas potencialidades latentes.



A próxima etapa era identificá-lo com o Creador, ao mesmo tempo que sutilizavam-se as formas antes demonstradas.

Juntamente com a idéia da imortalidade do espírito humano e eternidade de Deus, vem a obrigatoriedade evolutiva para o “gozo da infinitude”.

Obviamente quando se fala em evolução, estamos nos referindo ao desenvolvimento da mente rudimentar, a sublimação das emoções e refinamento dos instintos, o que, certamemente se situa, ainda, no plano da mente concreta, ou seja, no mundo material.

Os seres a quem chamamos de Mestres, compassivos, sabiam que o homem não estava pronto para viver o espiritual, razão pela qual trataram de desenvolver métodos que o levassem a um estado harmônico que lhe permitisse maior capacidade perceptiva.

Dentre estes métodos destacamos aqui a Yoga, método desenvolvido a fim de proporcionar ao homem disciplina e harmonia interior.

O homem primitivo, possuidor de uma mente concreta, viu refinada as suas tendências através do método prático, a Yoga, que, como é de connhecimento dos afccionados, começa cuidando das tendências corpóreas, até atingir a parte mental.

É por esta razão que a Yoga Mater, Raja Yoga ou Yoga Real é dividida em passos, que na realidade são etapas ou planos evolutivos.

Tais passos são analógicos pois sempre correspondem a uma etapa superior e, evidentemente, mais sublime. Assim, por exemplo, começa-se a treinar o desapego corporal e limpeza corporal, para, futuramente, chegar-se ao desapego e pureza emocional, mental e, finalmente, espiritual.

De sorte que, algum dia consiga chegar a viver o que realmente há de espiritual.

Assim, não estavam equivocados os Mestres e nem há contradição entre aqueles métodos e as palávras de Krishnamurti.

Cuidaram aqueles, como bons jardineiros de adubar a planta e colocar-lhe um pedaço de madeira para ampará-la, enquanto o último, percebendo o crescimento da planta veio retirá-lo para não obstaculizar o crescimento.

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