quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Palestra Sobre Yoga

Palestra Sobre Ioga


Existem cerca de cinqüenta e três definições da palavra ioga. A mais comum é atribuir-lhe o significado literal que é “união”. É uma palavra sânscrita, escrita, originalmente no idioma devanegari. Deva = Deus, negari = urbe ou cidade. Devanegari quer dizer o idioma da cidade dos Deuses ou escrita dos Deuses. Não existe assento circunflexo no idioma. O assento sobre a palavra indica que a vogal deve ser pronunciada mais longamente, como um cântigo. É um idioma acentuado e não silábico como o nosso.

A criação da Ioga é atribuída ao sábio Valmik, que muitos consideram um ateu.

Patânjali a define assim:  Yogás  citta-vrtti-nirodhah = ioga é a inibição das modificações da mente. É preciso compreender, todavia, que mente para o iogue tradicional é todo o conjunto composto pela mente, instinto, sentimentos etc.

O objetivo da ioga é atingir o samadhi, um estado de êxtase, que são divididos em asamprajnata (sabija ou sabikalpa) e samprajnata (sabija ou sabaikalpa).

O primeiro tem imagens e se opera no plano mental concreto e o outro no plano mental abstrato, fora do tempo psicológico.

Outra definição mais moderna e mais assimilável é a dada por Sri Sevananda Swami que diz: a ioga é um método que aumenta progressivamente a consciência da percepção de Si.

A consciência é questão de percepção. O samadhi, por sua vez é um dos estados mais elevados da consciência.

Logo, o objetivo da ioga é ampliar a consciência de Si, através de estados sucessivos e elevados da consciência.

Existem três tipos básicos de ioga que é logo incorporado pelo quarto. Na verdade ela está relacionada com os tipos básicos humanos:

Karma ioga = karma quer dizer ação ou conduta e diz respeito ao homem de ação, ou herói. É representado pelo arqueiro, pois é o homem que não se liga no resultado das suas ações.
Jnana ioga = é o caminho do sábio, representado pelo espadachim, é o caminho do “isto não”, é um caminho de renúncia interna e investigação.
Bhakthi ioga = é o caminho do santo, do devocional e exige práticas devocionais.

Até mesmo a alimentação destes três tipos é diferente, assim como os estados transcendentais que vivem.



O ideal iogue é que o homem seja integrado nas três formas de ioga, embora sempre com o predomínio de um tipo.

A quarta forma é a Raja Ioga,  que prevê oito etapas:
  1. Yama (harmonização externa)
  2. Niyamas (harmonização interna)
  3. Asanas (postura física, equilíbrio físico,hatha ioga)
  4. Pranayama (práticas respiratórias)
  5. Pratyahara (abstração ou estado de contemplação)
  6. dharana (concentração da mente)
  7. Dhyana (meditação)
  8. Samadhi (estado elevado de consciência).

A base da idéia encontra-se na idéia de que, quanto maior a consciência de si, maior o senso da realidade e o contentamento, alegria ou felicidade do ser: Satychiananda.

O que se chama, comumente de ioga, não o é, mas somente um sobressalente, que se encontra no terceiro passo que se chama asana. No passo yama encontra-se ahimsa (não violência) e no niyama satyagraha (ater-se à verdade) condutas afamadas por Gandhi.

Não se tratam de passos, pois devem ser praticados simultaneamente.

Dito isso, é preciso explicar que a questão se insere no objetivo de transcender a personalidade e encontrar o âmago do ser, o Si, obtendo a real consciência, escapando do movimento mental interminável.

A mente, ou  a mente concreta, como  a conhecemos, é uma ferramenta, um gravador, como um PC, que saindo do controle, tomou conta do operador, o verdadeiro eu.

A mente concreta, tridimensional, não pode ouvir o comando superior, pois não o comporta.

A mente abstrata, por sua vez, não pode agir em face do predomino da mente concreta, agitada e descontrolada, mas que quer controlar.

Entretanto, somente a mente abstrata pode perceber o comando superior e agir de acordo com a vontade do Si.

Por isso, voltando ao conceito do Swami Sevananda “ioga é um método que aumenta progressivamente, a consciência da percepção”, podemos dizer que   se trata de eclosões sucessivas, normalmente precedidos por algum sofrimento interno.






Embora este ideal seja, para muitos, longínquo e remoto, devo dizer que a ioga pode ser utilizada para proporcionar bem estar físico e saúde, tanto física, mental, glandular e postural. Ajudam a combater problemas cardíacos, varizes, calvice (não hereditária), problemas circulatórios etc.

Segundo a ioga tradicional o homem é constituído de cinco elementos:
1.      Anamaya-kosha (corpo físico)
2.      Pranayama-kosha (rede energética vital)
3.      Manomaya-kosha (substância mental concreta)
4.      Vijnamaya-kosha (intelecto realizado)
5.      Anadandamaya-kosha (revestimento de gozo, Sat chi ananda)

Entretanto, o Swami Sevananda, desenvolveu um método mais adaptado para o homem ocidental, principalmente sul americano, levando em conta a sua natureza e estado vital energético.

Para isso, tomou a constituição em sete elementos:

1.      Centelha divina ou espírito imortal;
2.      Corpo causal ou budhico;
3.      Corpo psíquico;
4.      Corpo mental;
5.      Corpo emocional;
6.      Corpo vital (ou etérico-vital)
7.      Corpo material ou corpo físico.

A centelha ou si é perfeita ou imutável e ainda nos é desconhecida. O corpo físico não é aperfeiçoável e é deteriorável, descartável, o corpo mental ocupa, justamente o centro da constituição humana.

O Sarva iogue busca o samdhi ou outra forma de vivência transcendental, com o fim de estabelecer um contato permanente com o Si, para impregnar o seu cotidiano com o estabelecimento do estado de conscientização no cotidiano. O êxtase é para ele, portanto, meio e não fim.

O sarva iogue vê que o samdhi ainda contém ilusão e somente o estado perene de meditação o leva à liberdade integral que almeja como forma de ser útil na forma tríplice.

Só pode atingir tal meta uma consciência realizada, ou seja, livre da mente concreta que deve ser calcada ao seu lugar.

O Swami percebeu que a ioga estava fragmentada e tentou reintegrá-la na forma original, ou seja integral (karma, gnana e bakhti), excluindo o conteúdo folclórico, superticioso e cultural, adaptando a nossa realidade e incluindo práticas mais modernas.



É difícil fazer isso nestes dias (kali iuga), mas o praticante deve manter uma mente tranqüila, alimentação equilibrada, sono tranqüilo e um mínimo de disciplina interior.

Chassi é um método usado, mas deve ser precedido de disciplina.

Prathyahara pode ser desenvolvido pela conduta religiosa ou japa.

Dharana pelo ponto verde.

Dhyana pela prática de concentração e chassi, que é difícil de ser explicada.

A ioga, saiba, é um sistema pragmático, cientifico e experimental, não se valendo da conduta cotidiana. Não é uma forma de pensar, mas de viver.

Obrigado.


    

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