O Samadhi como objeto da Yoga
A Yoga,
ciência da qual falamos anteriormente, tem como objetivo conduzir o indivíduo
ao samadhi, ou estado de êxtase.
Embora o
samadhi seja o objetivo da Yoga, este, como será entendido mais tarde, não é o
objetivo final do homem.
Após a
sublimação dos sentidos, levado pela devoção, pela energia física e mental
acumulada, mas harmonizado interna e externamente, o homem chega ao samadhi.
Trata-se,
na verdade, do primeiro contato do homem com o espiritual superior, momento em
que impulsionado pela mente, encontra-se com o Superior, consoante a imagem
antes projetada.
Vale
dizer, surge diante dele a imagem espiritual que antes assimilara.
Compreende-se,
portanto, que o samadhi é, ainda, uma manifestação humana e existe para o homem
e não o homem para o samadhi.
O objetivo
deste contato é criar, de forma segura e definitiva um laço entre o homem
(ainda dominado pela mente concreta) e o Alto.
Na
verdade, a verdadeira trajetória espiritual tem início aqui.
É de se
destacar que existem várias modalidades de samadhi, desde o sabija ou
sabikalpa, até o nirbija ou nirbikalpa.
O leitor
mais atento terá percebido que tudo aquilo que se divide em etapas, não é e nem
pode ser absoluto, mesmo porque a divisão e classificação (separatividade) são
atributos da mente concreta ou tridimensional.
No samadhi
inicial percebe-se o chamado “deus com forma ou atributos” como o definem os
antigos Yogues.
Vivendo o
samadhi de forma mais sutil a depois de cada experiência, o Yogue vai se
aproximando, mais e mais do chamado nirbikalpa, quando não haverá mais formas
ou atributos e nem diferença entre observador e observado.
O leitor
há de compreender que é difícil dar explicações muito claras sobre tais
assuntos posto que a sutileza e a abstração dos mesmos nos impede.
Assim,
faz-se mister que tais linhas sejam lidas com o olho interno de cada um e que a
percepção o conduza para além da palavra escrita.
É de se ressaltar que a esta altura o homem já
não é mais a pedra bruta em estado natural, mas, refinado, com percepção mais
aguçada e com emoções e sentires mais sublimes, já é um servidor do alto,
ajudando os seus irmãos em sua caminhada, enquanto dá seus próprios passos.
Sua vida
não é mais a trilha do que busca unicamente a sua salvação.
Não pensa
mais em acomodar-se mas já conhece, pelo menos, o espírito do alto sacrifício.
Começa a
trilhar o caminho do “amar o próximo”, descortinando-se ante ele a via Cristã,
não enquanto forma, mas em essência.
A
capacidade mental já não tem tanta importância para ele, mas valoriza um
coração ardente e puro.
Renuncia a
glórias e aos efêmeros poderes que a Yoga lhe oferece, desapegando-se,
inclusive, de suas crenças e idéias pessoais, em prol da impessoalidade do amor
espiritual. Nem mesmo ao samadhi ou ao “com atributos se apega”, posto que
nisto também ainda existe apego, todavia, começa a adentrar no reino da mente
abstrata.
Não tem
pressa, mas também não cessa de caminhar, pois já conquistou a constância e a
tranquilidade interior.
Este homem
está se acercando da porta de entrada do Reino da Mente Abstrata, ou seja, o
Nirbikalpa Samadhi.
Em nosso
próximo trabalho abordaremos o Nirbikalpa Samadhi.
Swami Satyananda
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