sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O samadhi como objeto da Yoga




O Samadhi como objeto da Yoga

                        A Yoga, ciência da qual falamos anteriormente, tem como objetivo conduzir o indivíduo ao samadhi, ou estado de êxtase.

                        Embora o samadhi seja o objetivo da Yoga, este, como será entendido mais tarde, não é o objetivo final do homem.

                        Após a sublimação dos sentidos, levado pela devoção, pela energia física e mental acumulada, mas harmonizado interna e externamente, o homem chega ao samadhi.

                        Trata-se, na verdade, do primeiro contato do homem com o espiritual superior, momento em que impulsionado pela mente, encontra-se com o Superior, consoante a imagem antes projetada.

                        Vale dizer, surge diante dele a imagem espiritual que antes assimilara.

                        Compreende-se, portanto, que o samadhi é, ainda, uma manifestação humana e existe para o homem e não o homem para o samadhi.

                        O objetivo deste contato é criar, de forma segura e definitiva um laço entre o homem (ainda dominado pela mente concreta) e o Alto.

                        Na verdade, a verdadeira trajetória espiritual tem início aqui.

                        É de se destacar que existem várias modalidades de samadhi, desde o sabija ou sabikalpa, até o nirbija ou nirbikalpa.

                        O leitor mais atento terá percebido que tudo aquilo que se divide em etapas, não é e nem pode ser absoluto, mesmo porque a divisão e classificação (separatividade) são atributos da mente concreta ou tridimensional.

                        No samadhi inicial percebe-se o chamado “deus com forma ou atributos” como o definem os antigos Yogues.

                        Vivendo o samadhi de forma mais sutil a depois de cada experiência, o Yogue vai se aproximando, mais e mais do chamado nirbikalpa, quando não haverá mais formas ou atributos e nem diferença entre observador e observado.

                        O leitor há de compreender que é difícil dar explicações muito claras sobre tais assuntos posto que a sutileza e a abstração dos mesmos nos impede.












                        Assim, faz-se mister que tais linhas sejam lidas com o olho interno de cada um e que a percepção o conduza para além da palavra escrita.

                         É de se ressaltar que a esta altura o homem já não é mais a pedra bruta em estado natural, mas, refinado, com percepção mais aguçada e com emoções e sentires mais sublimes, já é um servidor do alto, ajudando os seus irmãos em sua caminhada, enquanto dá seus próprios passos.

                        Sua vida não é mais a trilha do que busca unicamente a sua salvação.

                        Não pensa mais em acomodar-se mas já conhece, pelo menos, o espírito do alto sacrifício.

                        Começa a trilhar o caminho do “amar o próximo”, descortinando-se ante ele a via Cristã, não enquanto forma, mas em essência.

                        A capacidade mental já não tem tanta importância para ele, mas valoriza um coração ardente e puro.

                        Renuncia a glórias e aos efêmeros poderes que a Yoga lhe oferece, desapegando-se, inclusive, de suas crenças e idéias pessoais, em prol da impessoalidade do amor espiritual. Nem mesmo ao samadhi ou ao “com atributos se apega”, posto que nisto também ainda existe apego, todavia, começa a adentrar no reino da mente abstrata.

                        Não tem pressa, mas também não cessa de caminhar, pois já conquistou a constância e a tranquilidade interior.

                        Este homem está se acercando da porta de entrada do Reino da Mente Abstrata, ou seja, o Nirbikalpa Samadhi.

                        Em nosso próximo trabalho abordaremos o Nirbikalpa Samadhi.



Swami Satyananda

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