quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O SARVA YOGUE

O SARVA YOGUE


Devemos ter em mente que tipo ou tipos humanos são adequados para a vivência Sarva, ou para a Sarva Yoga.

A Sarva Yoga é a resultante do saber do Swami Sevananda e, seu fundador, e ato contínuo, da vivência e saber de seu principal discípulo Swami Sarvananda. É que a Sarva Yoga é dinâmica e como tal, aceita e abarca tudo o que permite se acercar do real.

O Swami Sevananda percebendo que a sabedoria dos grandes iogues não foi acolhida integralmente pelos seus discípulos, e que estes a partiram, criando as famosas correntes de Yoga, que, em sua integridade, não são a YOGA, mas apenas fragmentos e aspectos diferenciados do TODO, criou a SARVA YOGA, voltando ao original, ou seja, a sua integralidade, retornando ao início, dele tirando fora todo o “bagaço”, ou seja supertições, usos e costumes, ficando pé na realidade: Sistema prático que proporciona aos vocacionados a REALIZAÇÃO ESPIRITUAL.

REALIZAÇÃO ESPIRITUAL: Harmonia e união do homem consigo mesmo, com o próximo e com o ALTO, traduzida na tríplice utilidade: A SI, ao PRÓXIMO, ao ALTO.

Assim fez o Mestre Sevananda a síntese de sua obra:

“O poder do pensamento é proporcionado, ao mesmo tempo, a três fatores que são: Conhecimento intelectual; a sabedoria experimental e a íntima aspiração.”

“Por isso o ser humano não pode matar a ilusão pela meditação, sem as práticas que proporcionam experiências interiores, e estas: sabedoria. Porém, somente as práticas e suas resultâncias, inclusive o êxtase ou samadhi, tampouco podem dar a liberação da ilusão, porque elas mesmas contém um aspecto indiviudal, autocredor, porém autolimitante.”

“Somente uma sede de infinitude, de Eternidade e de Paz inalterada, darão ao pensamento, enriquecido pelo conhecimento e pela Sabedoria, o poder penetrante e dispersivo, atrativo e concentrador, que num esforço tenaz e sereno, mata a ilusão e outorga a Paz. Em termos muito mais limitados, tal caminho visto por etapas individualizadas, nos pareceria: um inquieto que estuda, observa e se auto-observa; logo um Sarva-Yogui em Japa, Dhyana e Samadhi; finalmente, um Sarva-Swami entregue à perene meditação que realiza a VERDADE, fora de todas as ilusões que até a Devoção, a Ação e o próprio Samadhi ainda contém.” (Sri Sevãnanda Swami).
O Sarva Yogue, portanto, deve ser alguém, que enojado e enfarado da rotina do viver cotidiano, procura respostas, movido por uma inquietitude interior.

Será alguém que quer conhecer a verdade ou alguém que quer encontrar o amor. Alguém que quer saber ou servir.

Viver para saber implica em vontade. Viver para amar implica em entrega.

Saber mais implica em viver menos, aponta a liberação como meta e o apego a ilusão como obstáculo.

Amar mais implica em saber menos; aponta a RENÚNCIA como meta, temo o apego a ilusão de servir, como obstáculo.

Assim, o sarva yogue deve se encaixar em um dos dois perfis, porém, deverá procurar se equilibrar entre os dois.

PAPUS diz que o homem existe na terra para o trabalho e que este o faz subir e crescer rumo ao aperfeiçoamento, o autêntico sarva yogue crê nisso e tem o trabalho como meta, em consonância dom as palavras do MEM Philippe de Lyon: Procura o trabalho e não fuja das provas, um dia o trabalho será o teu descanso.

Vivemos numa época em que não se nega o valor das asanas e de JAPA (mantras), mas estes são apenas ferramentas que mal utilizadas podem atrapalhar ao invés de ajudar.

O Sarva yogue pode delas se utilizar, mas sabe que o trabalho interior é essencial, mais do que práticas externas para a vitória final.

Não se apega a forma, pois caminha firme em direção à mente abstrata.

Por isso se diz que CHASSI é 90% da Sarva Yoga, ou mais.

O Sarva yogue se dedica a dhyana, japa, mas não exclui a importância das experiências cotidianas, vividas conscientemente e com CHASSi.

Não se apega aos poderes da yoga, mormente os de natureza ilusória como visões do astral e outras do gênero, mas se entrega ao ALTO que tudo dá, na medida do necessário e do ÚTIL.

Na verdade, seu objetivo a consciência plena, o estado de perene meditação, criativo e original, que nada tem haver com estados passivos, pois a meditação é ativa e dinâmica.
Tem por escopo a REALIZAÇÃO DA VERDADE, ou o AMOR PURO E INCONDICIONAL, sendo em um ou outro caso um agente ativo do ALTO no jogo da VIDA.

A iniciação da Sarva Yoga, verdadeiramente uma via inicíatica se faz, no plano externo da forma mais simples, porém mais profunda possível diante do que se entende por real e Alta INICIAÇÃO. Abaixo a descrição profunda, sincera e correta de Saint Martin:

“A única iniciação que eu prego e que busco com todo o ardor da minh’alma é aquela pela qual podemos entrar no coração de Deus e fazer entrar o coração de Deus em nós, para assim, realizar o casamento indissolúvel, que nos torna o amigo, o irmão e a esposa do nosso Divino Reparador. Não há outro mistério para chegar a esta santa iniciação, senão mergulharmos mais e mais até as profundezas do nosso ser e não esmorecer até que tenhamos alcançado a raiz viva e vivificante, e a partir de então todos os frutos que gerarmos segundo a nossa espécie, se produzirão em nós e fora de nós, como acontece com as nossas árvores terrestres, pois estão aderidos à sua raiz particular e constantemente lhes extraem os sucos”. (in carta a Kirchberger – 19 de junho de 1797).

O Sarva Yogue então, real iniciado que é, já como Sarva Swami, tocado pelo Alto, ligado ao Plano Superior, renuncia aos doces enlevos do êxtase, sabedor que somente no trabalho sincero e entregue está o real, abandonando-se a vontade do alto, inicia a tarefa de servir conforme a vontade suprema.

Entretanto, não nos esqueçamos que Sri Sevãnanda era um ocidental, Martinista, OKRC, bispo gnóstico, entre outras coisas, tinha uma visão evidentemente ampla, adotando muito da visão de Gurdjeiff, daí porque a noção de Iogue para ele é diferente, mais ampla.

Gurdjeiff via o homem sobre três aspectos: o vagabundo, o lunático e o chefe de família, dando ao terceiro maior valor.

É melhor ser um bom chefe de família do que um vagabundo. O vagabundo não acredita em quase nada e não quer assumir as responsabilidades; o lunático não é razoável pois acredita em irrealidades, pensa que pode quase tudo, estão cheio de seu próprio entendimento falso e conhecimento imaginário, impresssionados por sua própria fantasmagoria. Palavras de Gurdjeiff: “As pessoas se julgam superiores a um obyvatel: “Do ponto de vista do caminho um homem que pode ser um obyvatel é muito mais útil do que um “vagabundo” que se julga muito mais eleado do que um obyvatel. Chamo de vagabundos todos os pretensos intelectuais – artistas, poetas, quaisquer tipos de boêmios em geral, que desprezam o obyvatel e que, ao mesmo tempo, não são capazes de existir sem ele. Do ponto de vista do trabalho, a capacidade de auto-orientação é muito útil. Um bom obyvatel será capaz de sustentar, com seu trabalho, no mínimo vinte pessoas. Qual é o valor de um homem que não é capaz de fazer isso?”

Assim, o homem número um tem menos possibilidade, o nº 2 mais, e o nº 3 mais do que estes.

Para estes três tipos humanos, existem três tipos de caminho: o do faquir, o do monge e o do iogue: O faquir desenvolve o poder de dominar o pavimento mais baixo do corpo físico. Fortalecem a vontade suportando posturas dolorosas e às vezes tortuosas. O caminho do monge é o do sacrifício religioso e da fé. Este caminho atrai o homem nº 2, transcende-se através do amor a Deus, ultrapassando todas as emoções mesquinhas. O caminho do iogue é o do conhecimento, da compreensão TOTAL, da meditação no seu sentido real. O quarto caminho se faz através da integração dos três caminhos.Uma ação simultânea sem abandonar o mundo, permanecendo nele sem a ele pertencer.

Assim, um homem pode alimentar a vontade, a devoção e a compreensão em conjunto, criando o quarto caminho, será um monge sempre que estiver em elevo devocional, sem importar a denominação que o mundo lhe dá, um faquir sempre que praticar austeridades, e um iogue, sempre que seguir o caminho meditativo e da compreensão interior...Não importa a sua denominação...Poderá seguir os três mas sempre, a sua tendência interior fará de um o ponto principal, o leme a seguir.

Este, visto sobre outro ângulo, é o caminho do Sarva Iogue.

Obs.: deve-se desenvolver a intrepidez, contraponto da covardia, bem como a compreensão de que o homem está na Terra para trabalhar. Eis o nosso motivo aqui. É o primeiro passo para um caminhar seguro rumo a libertação.

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